Como Seria viver em um Mundo sem Emoções

As emoções são nossa maior força interna, aquela que nos separa das máquinas e nos permite sonhar, esperar, amar. Como todas as grandes forças, elas precisam ser gerenciadas da maneira mais útil. Quem não controla suas emoções destrutivas é controlado por elas, com todas as consequências que isso implica. Por isso, saber como gerenciar as emoções é a habilidade mais importante que você pode adquirir nesta vida.

 

Já parou para pensar nisso?

Imagine um mundo povoado por indivíduos sem emoções, que baseiam suas decisões apenas na fria lógica.

Essas formas de vida interagiriam entre si para fins práticos, e seu dia consistiria em acordar, trabalhar, almoçar, voltar para casa, passar seu tempo livre exercitando o corpo ou sentados no sofá em silêncio.

Não existiria música, cinema, arte, literatura, jogos e esportes. Essas pessoas não sorririam, não se abraçariam, não manifestariam formas de afeto. Em seus rostos, haveria sempre a mesma expressão, estática e imutável.

Não existiria felicidade, esperança, e a palavra amor não teria nenhum significado.

Essa seria a vida humana sem emoções. Sem emoções, o tempo é apenas um relógio que faz tic-tac.

As emoções são aquela energia interna capaz de nos fazer sonhar, de amar outra pessoa, de nos dar a força para inventar, descobrir, ousar e alcançar o que a mera racionalidade nunca permitiria.

Mas as emoções não são apenas isso. Ter emoções significa também sofrer, chorar a perda, o sofrimento interno. As emoções também podem ser forças destrutivas, como ódio, raiva, medo, emoções que levam a fazer mal ao próximo, a nós mesmos, e que muitas vezes estão na raiz de muitos conflitos bélicos ao redor do mundo.

O que são emoções? Uma das definições mais úteis é derivada da palavra em inglês E-motion, com “E” representando energia e “motion” representando movimento, ou seja, energia em movimento.

Essa energia, produzida pelo nosso organismo, tem múltiplas funções e se manifesta através de sensações corporais percebidas no corpo como pressão, temperatura, extensão, consistência.

Tipicamente, as emoções são ativadas por pensamentos, crenças, reações inatas e condicionamentos de estímulo-resposta.

Por que são tão importantes? O que você sente determina o que pensa, diz e faz. Cada estado emocional estimula uma série de comportamentos. Note, de fato, quais comportamentos e pensamentos emergem quando você se sente feliz e satisfeito consigo mesmo, e compare-os com os comportamentos e pensamentos que tende a ter quando está experimentando raiva, tristeza ou frustração.

Em caso de reações emocionais muito intensas, como raiva e medo, a capacidade de raciocinar de forma lúcida é fortemente comprometida. Por esse motivo, deve-se evitar tomar decisões importantes sob o efeito de alguma reação emocional.

Comportamentos extremos e com consequências graves, muitos dos quais tristemente noticiados no telejornal, surgem de estados de emocionalidade intensa. Pense em alguém, exasperado pelos ruídos do vizinho, que, em uma discussão, esfaqueia o último; infelizmente, esses fatos de cronaca nera (notícias policiais) muitas vezes nascem de pequenas bobagens e, frequentemente, até uma discussão sobre assuntos triviais pode desencadear reações emocionais capazes de levar a uma tragédia.

Como se manifestam no seu corpo As emoções têm uma componente fisiológica, ou seja, as famosas borboletas no estômago, a sensação de ter um nó na garganta ou algo que comprime o peito. Todas essas modificações de calor corporal, batimentos cardíacos, sudorese, etc., são experimentadas em nosso corpo.

    

Um grupo de pesquisadores finlandeses da Universidade de Tampere e da Aalto University conseguiu criar um mapa somatossensorial das emoções. A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of The National Academy of Sciences (PNAS). Os pesquisadores envolveram 700 indivíduos da Suécia, Finlândia e Taiwan e induziram neles diferentes estados emocionais.

A escolha de envolver ocidentais e orientais servia para demonstrar que o código das sensações corporais ligadas às emoções é universal.

Os pesquisadores entregaram aos participantes imagens do corpo humano e pediram que colorissem (usando diferentes cores) as partes do corpo que sentiam “acender” ou “apagar” em resposta à emoção suscitada. Emergiu, por exemplo, que a ansiedade ativa sensações no peito, a raiva se sente no peito, punhos e rosto, o amor é percebido como calor das joelhos para cima, e a felicidade nos acende completamente como se fôssemos a tocha humana.

Na imagem, são representadas algumas das emoções humanas mais comuns; os psicólogos fazem distinção entre primárias e complexas.

Que impacto têm na sua saúde? Além disso, existem evidências científicas sólidas por trás da correlação entre a experiência emocional e uma série de distúrbios e condições de saúde, desde distúrbios cardíacos até depressão, obesidade e dor crônica.

O estudo ACE (Adverse Childhood Experience) é uma das investigações mais amplas já conduzidas para avaliar a correlação entre maus-tratos na infância e as condições de saúde e bem-estar na idade adulta.

A primeira parte do estudo, conduzida em 17.000 participantes de 1995 a 1997 (pelo consórcio médico Kaiser Permanente), consistia em exames físicos para verificar suas condições médicas e de saúde.

Cada participante do estudo completou um questionário que continha perguntas sobre maus-tratos na infância e possíveis disfunções familiares. Posteriormente, esses dados foram combinados a um relatório detalhado sobre o estado de saúde.

Os resultados sugeriram que certas experiências eram um dos maiores fatores de risco para as causas de doenças, morte e má qualidade de vida. Como disse Alice Miller no título de um de seus livros “O corpo nunca mente”, mesmo que o problema emocional tenha se desenvolvido 50 anos antes.

As emoções… quais? Existem 6 emoções que são primárias, pois se manifestam nos períodos iniciais da vida, são universais e transculturais: raiva, medo, nojo, surpresa, tristeza e felicidade.

Posteriormente, desenvolvem-se também as emoções mais complexas, como: orgulho, ciúmes, inveja, culpa, amor, vergonha, esperança, ansiedade, perdão, compaixão, depressão e gratidão.

Se você tem dificuldade em nomear as emoções que sente ou deseja melhorar sua inteligência emocional, recomendo a leitura do artigo “Lista de emoções: como reconhecer seu estado emocional graças a uma flor”. Neste artigo, você encontra uma ferramenta muito útil para classificar os estados emocionais chamada “flor das emoções”.

As emoções têm um papel evolutivo com um objetivo adaptativo de sobrevivência. Infelizmente, no mundo moderno, muitas vezes ativam-se reações emocionais arcaicas mesmo quando não deveriam, tornando-se disfuncionais.

Por essa razão, torna-se importante ter ferramentas que nos permitam intervir sobre as emoções desnecessárias e destrutivas.

Quando você lida com pessoas, lembre-se de que não está interagindo com criaturas lógicas, mas com criaturas emocionais. – Dale Carnegie

**Como gerenciar as emoções?**
Saber gerenciar as emoções é uma das habilidades mais importantes que você pode adquirir na vida. Não saber intervir no próprio estado emocional significa estar à mercê de forças internas com resultados danosos ou limitantes em nossa vida. É por causa de sua importância e por minha história pessoal que este blog dedica um amplo espaço a essa capacidade.

Felizmente, é possível intervir no próprio estado emocional com uma multitude de técnicas e em diferentes níveis. Entre os diversos níveis de intervenção estão o “energético”, cognitivo e somático. Mesmo entre os especialistas do setor, muito poucos sabem como intervir em todos os níveis.

Primeiramente, é importante saber quais são os erros clássicos nos quais as pessoas caem quando enfrentam uma emoção negativa. Aqui estão brevemente listados os 3 principais.

**3 coisas que você não deve fazer com uma emoção negativa:**
1) **Evitá-la:**
Geralmente, quando se sente uma emoção desagradável, é natural evitar a situação ou a pessoa que a evoca. Essa estratégia não só tenderá a limitar sua vida, mas, com o tempo, resultará em um aumento da força e da intensidade do estado emocional evitado.

2) **Resistir a ela:**
Outra estratégia comum é negar a experiência emocional resistindo a ela. Esse abordagem é extremamente contraproducente, pois a resistência exerce uma força igual ou maior do que a da emoção à qual se resiste.

3) **Identificar-se com ela:**
Um erro típico é identificar-se com a emoção que está sendo experimentada, levando a emoção a um nível de identidade. Há uma diferença sutil, mas substancial, em dizer “estou com raiva/medo” e dizer “neste momento estou sentindo raiva/medo.”

**Como gerenciar emoções negativas com a técnica da roda:**


Aqui está um procedimento eficaz para transformar uma emoção negativa. É uma das poucas técnicas “Bandlerianas” que ainda utilizo.

1) **Localize a emoção no seu corpo:**
Pense em uma situação que evoca em você uma emoção negativa e localize no seu corpo onde você sente essa emoção. Como a emoção é energia em movimento, as sensações tendem a começar em um ponto e se mover para outro.

2) **Extraia a emoção:**
Note se, ao longo da sua direção, a emoção se move em sentido horário ou anti-horário, visualizando setas vermelhas que apontam na direção de rotação. Use sua imaginação para trazer a emoção para fora do seu corpo e visualize-a girando na sua frente.

3) **Atribua uma cor e inverta:**
Pense em uma cor relaxante para você e, invertendo a direção de rotação da emoção, atribua às setas que indicam a direção dessa nova cor.

4) **Traga de volta e gire ao contrário:**
Traga a sensação de volta para o seu corpo, fazendo-a girar na direção oposta. Enquanto continua a girar a sensação cada vez mais rápido na direção oposta, note como a nova sensação relaxante se espalha pelo seu corpo.

**Para concluir:**